No Guia para avaliação de risco ambiental de organismos
geneticamente modificados (http://cibpt.files.wordpress.com/2012/11/guia-avaliac3a7c3a3o-risco-ambiental-ogm-2012.pdf)
há figuras ilustrativas das construções nos exemplos da Parte II.
quarta-feira, 26 de junho de 2013
quarta-feira, 19 de junho de 2013
segunda-feira, 10 de junho de 2013
A origem da vida
Por: Matt Ridley Traduzido e adaptado por Paulo Andrade
Ecos eletroquímicos de membranas biológicas em fontes gasosas alcalinas
submarinas
Que melhor assunto para um novo ano do que a origem da própria vida? Um
novo estudo afirma ter finalmente identificado as condições, localização e
caminho pelo qual a vida começou, cortando assim dois nós górdios.
Nó no. 1: é o
velho paradoxo do ovo e da galinha em relação à demanda de energia. Os seres
vivos consomem energia num ritmo furioso para permanecerem vivos. Toda vez que
uma bactéria se divide, ele usa até 50 vezes a sua própria massa em moléculas de
“moeda de energia” (chamadas ATP), mesmo quando dispõem de um moderno
maquinário proteico, eficiente e especializado para fazer o trabalho. Ao
iniciar-se, a vida deve ter sido um processo envolvendo muito mais desperdício
de energia, mas seguramente não dispunha de qualquer dos recursos modernos para
aproveitar ou armazenar energia.
Nó no. 2: é a entropia.
A vida usa a energia para colocar ordem no caos. Então, a localização preferida
da ” sopa primordial” do evolucionista Alexander Oparin ou a "poça
morna" de Charles Darwin, adicionada de alguns relâmpagos, é excessivamente livre, do ponto de vista da
conservação da entropia: a vida tenderia a se desmanchar antes de poder
realmente tomar ímpeto para prosseguir.
Antes da célula existir, a vida precisava de um fornecimento controlado
de energia concentrada em um espaço confinado. Comparando as sequências de
genes chegou-se à conclusão de que na
raiz da árvore genealógica da vida encontram-se as bactérias e arqueobactérias
(criaturas unicelulares, como bactérias) "quimiosmóticas" . Estes microrganismos
efetivamente carregam suas baterias eletroquímicas pela conversão de dióxido de
carbono em metano ou no composto orgânico acetato.
Onde elas se originam? Em 2000, exploradores encontraram aberturas (ou
fontes) no meio do Atlântico, no campo hidrotermal conhecido como Cidade
Perdida (ver também http://astropt.org/blog/2010/02/23/cidade-perdida/),
que eram muito diferentes das bem conhecidas fontes de água profunda, quentes e
ácidas, os "fumadores negros": elas permanecem muito mais tempo em
atividade, são altamente alcalinas e modestamente quentes.
Fonte hidrotermal em água profunda (fonte:
ttp://www.sciencedaily.com/releases/2008/01/080131151856.htm)
Agora Nick Lane, da University College London e William Martin, da
Universidade Heinrich Heine em Düsseldorf, na Alemanha, concluíram que este
ambiente traz ecos misteriosos do método de armazenamento de energia da vida.
As células
armazenam energia por bombeamento de íons carregados, geralmente de sódio ou de
hidrogênio, através de suas membranas, efetivamente criando uma tensão elétrica
(em geral de menos de 100 mV). Esta é uma característica peculiar, mas
universal, da vida e cuja onipresença nunca foi explicada. Os cientistas
acreditam que este mecanismo foi originalmente tomado de empréstimo das fontes
termais submarinas, como as da Cidade Perdida.
Quatro
bilhões de anos atrás, nestas fontes, um fluido alcalino quente rico em
hidrogênio encontrou oceanos ácidos saturados de dióxido de carbono. Isso teria
gerado um gradiente natural de prótons através das finas paredes de
ferro-níquel-enxofre das fontes, com uma tensão ((diverença de potencial ou
voltagem) muito parecida com o potencial de membrana dos modernos microrganismos
quimiosmóticos. Os autores escrevem: "Em nossa opinião, e dada a quase
universalidade dos gradientes de prótons nos seres vivos, isso não é coincidência."
Os
microrganismos que hoje habitam estas fontes hidrotermais utilizam gradientes
de prótons para adicionar elétrons a uma proteína chamada ferredoxina, que por
sua vez converte o dióxido de carbono em moléculas orgânicas necessárias para o
crescimento do microrganismo. As rochas que formam as fontes estão cheias de
microporos interconectados, onde estes produtos químicos orgânicos poderiam no
passado ter-se acumulado, alguns deles inclusive acelerando (catalizando) ainda
mais as reações necessárias à formação do gradiente de prótons.
Os Drs. Lane
e Martin têm uma sugestão engenhosa para explicar como a vida restrita a um
ambiente bioquímico nas paredes das fontes tornou-se finalmente vida livre. Um gradiente geoquímico de prótons
poderia impulsionar uma bomba bioquímica de íons sódio, permitindo então que uma
membrana pudesse excluir sódio, formando desta vez um outro mecanismo de
armazenamento de energia elétrica que teria sido muito mais confiável e
presente nas primeiras membranas que se fecharam para formar células. Isso
explicaria por que muitas proteínas primitivas envolvidas em gradientes
eletroquímicos e na geração de energia usam tanto sódio como hidrogênio
(prótons), indiscriminadamente; isso explicaria também porque todas as células
vivas têm menos sódio no seu interior do que a água do mar.
Com efeito,
as reações de energia que acontecem quimicamente em fontes hidrotermais
alcalinas foram tomadas emprestadas e aperfeiçoadas
por células vivas, e é por isso que há tantas semelhanças químicas hoje entre
as células.
Veja também comentários sobre o
artigo de Lane & Martin em http://www.nature.com/news/how-life-emerged-from-deep-sea-rocks-1.12109
O artigo completo pode ser
acessado em http://www.cell.com/retrieve/pii/S0092867412014389 (acesso apenas para usuários dentro das
universidades públicas do Brasil ou assinantes cadastrados).
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